
O presidente da Cesa, Marcio Pilger (direita), participou da solenidade de abertura da 14ª Expoagro/Afubra – Foto: Vilmar da Rosa
O Governo do Estado oficializou, na manhã desta terça-feira, na abertura da 14ª Expoagro/Afubra, em Rio Pardo, convênio com a Afubra e o SindiTabaco que permite a soma de esforços para promover a diversificação de atividades nas propriedades que plantam tabaco. A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, juntamente com as duas entidades, incentivará o plantio de milho e feijão após a colheita do fumo.
O setor comemora, nesta safra, preços iniciais de comercialização superiores em 9,4% aos praticados no ano anterior. A estimativa mostra que a produção total deve se situar em torno de 704 mil toneladas. A ideia, de acordo com o Secretário da Agricultura, Claudio Fioreze, é fazer com que o Estado produza mais grãos, para elevar a renda dos agricultores, através da agregação de outros programas da secretaria.
Pelo RS Mais Grãos, a proposta é de que as estufas e silos já existentes nas propriedades, para secar fumo, sirvam também para armazenar e secar os grãos. Os espaços ficam ociosos pelo menos nove meses do ano. Outro exemplo dado por Fioreze, é a utilização de sistemas de irrigação, através do Programa Mais Água, Mais Renda como fator determinante para o aumento da produção. “A irrigação influenciará diretamente no aumento da produção, ela é o melhor seguro agrícola para o produtor”.
Em dois anos de programa Mais Água, Mais Renda, o Rio Grande do Sul aumentou a área irrigada em mais de 70%: saiu de aproximadamente 100 mil hectares na área de sequeiro para 175 mil hectares. Além disso, mais de 2,7 mil produtores já solicitaram adesão ao programa.
Programa RS Mais Grãos
O programa RS Mais Grãos tem a meta de atingir 30,7 mil propriedades rurais em dez anos. Destas, 20 mil já trabalham no cultivo de fumo. Durante nove meses do ano, as estufas de secagem ficam ociosas. Assim como no Mais Água, Mais Renda, o governo do Estado também subsidia 30% do financiamento para construção ou reforma de silos e armazéns. Com juros de 2% ao ano, o agricultor tem carência e 12 para pagar.
O aumento médio na renda chega a 15% quando da estocagem e venda na hora adequada. Além disso, tem garantia de qualidade na produção e ao auto- abastecimento da propriedade. A plantação de grãos pós-fumo pode alimentar suínos, bovinos de leite, corte, por exemplo.
Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a capacidade de estocagem nos silos e armazéns do país é de 148,6 milhões de toneladas. Com uma safra de 187 milhões de toneladas, há um déficit de 38,4 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, atrás dos EUA e da China. Estimativas dão conta de que apenas 15% dos grãos são armazenados nas propriedades no País. Outros apresentam percentuais de no mínimo 35%.
O RS, atualmente, tem capacidade de armazenagem de 31,4 milhões de toneladas. Apesar de parecer suficiente – o Estado deve colher 30 milhões de toneladas nesta safra – parte da estrutura é utilizada com produtos de outros estados por conta das exportações, como é o caso do Porto de Rio Grande. Nas propriedades gaúchas, o índice também está baixo: 13% dos grãos ficam nos estabelecimentos rurais.
A capacidade aquém do necessário causa estrangulamento das operações pós- colheita, ocasionando maior perda de alimentos e rentabilidade. As culturas mais afetadas pelo déficit são arroz e milho. A falta altera os preços, pressiona as safras para baixo, exigindo intervenções do governo no mercado. Em 2012, por exemplo, fizeram com o governo Federal injetasse R$ 1,2 bilhão no Estado para enxugar o mercado do arroz.
No milho, a situação é ainda pior: o transporte custa quase o mesmo preço do grão quando ele precisa ser trazido da região Centro-Oeste do país pra cá. Além das perdas dos próprios agricultores, as tributárias do governo gaúcho com a importação beiram os R$ 100 milhões.
Estufas existentes nas propriedades gaúchas
Hoje, existem 92,3 mil estufas de tabaco, abrangendo 86,4 mil famílias. Ao considerar que cada família tem em média dois hectares, o espaço de terra poderia se utilizado para plantio de milho “safrinha” depois do tabaco, totalizando 172, 8 mil hectares, ao contrário dos 70 mil atuais, conforme dados da Emater.
Com produtividade média de 3,96 toneladas por hectare, a projeção poderia chegar a 684,5 mil toneladas de milho. Ao inserir a irrigação, o acréscimo seria de 200% na produtividade, passando para 11,8 toneladas por hectare, alçando a produção a 2,05 milhões de toneladas na mesma área após o tabaco. Com o programa, mais de mil produtores devem ser capacitados por ano e 60 técnicos multiplicadores. Os convênios terão duração inicial de um ano.
Texto: Nandressa Cattani e Daniel Cossio / Seapa