Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou o que o Estado já sabia ainda em 2011: o setor primário vinculado à área industrial e de serviços dos centros urbanos movimenta e dinamiza a economia gaúcha.
O PIB de 6,3% registrado ano passado, mais do que o dobro do Brasil, tem relação direta com o campo. A avaliação é das secretarias da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa) e Desenvolvimento Rural (SDR) durante o segundo lançamento regional do Plano Safra Estadual, nesta terça-feira (24), em Passo Fundo. A terceira acontece em Rio Pardo, quinta-feira (26).
Em quatro edições já são quase R$ 9 bilhões do tesouro e do sistema financeiro a ser investidos na zona rural. Só na versão 2014/2015 são R$ 2,7 bilhões e 66 medidas que vão do combate à extrema pobreza no meio rural à melhoria da qualidade genética dos rebanhos de leite e corte da pecuária familiar.
Complementar ao nacional, o plano do RS vai além do crédito. Sustenta-se em cinco objetivos: fortalecer a produção agropecuária, combate à miséria no campo, prevenir e combater os efeitos da estiagem, melhorar a infraestrutura rural e recuperar a capacidade de investimento e gestão do Estado.
Na prática, trata-se de ações e programas de fomento, extensão rural, assistência técnica, aumento de produtividade e renda. De 2001 pra cá saiu de R$ 1,1 bilhão para R$ 2,7 bilhões neste ano safra, que vai de julho de 2014 a junho de 2015.
Em âmbito federal, para se ter ideia, o crédito agrícola cresceu mais de dez vezes nos últimos 12 anos: passou de R$ 15 bilhões em 2002 para R$ 180 bilhões em 2014, somados os Planos Agrícola e Pecuário do Ministério da Agricultura (Mapa) e o da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Uma prova da parceria com a União está na irrigação. O Mais Água, Mais Renda, por exemplo, criado pela Secretaria da Agricultura, tem ajudado a aumentar a produção e levar estabilidade às lavouras.
Com juros de Pronaf para pequenos produtores, subsidia a primeira e a última parcelas. Em culturas como a do milho, por exemplo, pode até triplicar a produção, ajudando a cadeia da suinocultura.
Ao longo de 30 anos, o RS irrigou 75 mil hectares. Nos últimos quatros, vai totalizar 200 mil hectares irrigados nas culturas de sequeiro. Crédito farto e recuperação das estruturas públicas dão mais produção e renda.
Bons preços e clima ajudaram. Resultado da combinação foi a colheita recorde de grãos na última safra: mais de 30 milhões de toneladas. “O projeto do governo é claro: recuperação das funções públicas do Estado e desenvolvimento a partir da base social”, disse Aureo Mesquita, secretário-adjunto da Agricultura do RS.
Texto: Daniel Cossio/Seapa